"Xícara de Ouro: Por Que o Preço do Café Não Para de Subir

2/13/2025

photography of cafe with LED signage and pendant lamps and menu boards
photography of cafe with LED signage and pendant lamps and menu boards

Por que o Preço do Café Vai Continuar Subindo? Entenda os Fatores por Trás da Alta

Se você não vive sem uma xícara de café, prepare-se para um impacto no bolso. O preço do café, que já está alto, deve continuar subindo devido a uma série de fatores que envolvem desde problemas climáticos até mudanças no consumo global. Entenda o que está acontecendo e o que esperar nos próximos meses.

Um Cenário de Alta Demanda e Baixa Oferta

A demanda global por café nunca foi tão alta. Com o aumento do consumo na Ásia, especialmente na China, e a popularidade crescente da bebida em outros mercados emergentes, a pressão sobre a produção mundial aumentou significativamente.

Por outro lado, o clima desfavorável tem prejudicado as safras nos principais países produtores, incluindo o Brasil, Vietnã e Indonésia. Desde 2021, as lavouras brasileiras sofreram com geadas e secas intensas, resultando em colheitas menores. Em 2020, o Brasil produziu 63 milhões de sacas de café, mas esse número caiu para 54 milhões em 2024, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Preços em Alta no Mercado Global e Local

A redução na oferta elevou os preços do café em todo o mundo. O café arábica, um dos tipos mais consumidos, ultrapassou a marca de US$ 4 por libra na bolsa de Nova York em 2024, mais que o dobro do valor registrado no ano anterior.

No Brasil, os consumidores também sentem os efeitos dessa alta. O preço médio do quilo de café quase dobrou nos últimos 12 meses, passando de R$ 29,62 para R$ 56,07, conforme dados da Abic (Associação Brasileira das Indústrias de Café).

A saca de 60 kg do café arábica chegou a ser negociada por R$ 2.750, enquanto o café robusta, usado para blends e café solúvel, atingiu R$ 2.071,60, valores muito superiores aos de anos anteriores.

Estoques Globais em Níveis Críticos

Outro fator que agrava a situação é a redução dos estoques globais de café, que devem atingir o menor nível em 25 anos, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Isso ocorre não apenas por problemas climáticos no Brasil, mas também no Vietnã e na Indonésia, grandes produtores que enfrentaram secas severas causadas pelo fenômeno El Niño em 2024.

Além disso, o Brasil, que exporta cerca de 40% de sua produção para o mercado externo, registrou recorde histórico em exportações, enviando 50 milhões de sacas para outros países em 2024. Essa dinâmica contribui para a escassez do produto no mercado doméstico.

O Impacto no Bolso do Consumidor

O aumento dos preços dos grãos se reflete diretamente no varejo, tornando a xícara de café cada vez mais cara. Segundo Celírio Inácio, diretor-executivo da Abic, a matéria-prima subiu cerca de 180% em 2024, mas apenas 40% desse aumento foi repassado aos supermercados até agora. Isso indica que novos reajustes podem estar a caminho.

O Que Esperar nos Próximos Meses?

Especialistas apontam que uma reversão nesse cenário só deve ocorrer após setembro, quando a florada das plantas pode indicar uma safra melhor. No entanto, até lá, os preços altos devem permanecer como parte da realidade do consumidor.

Expansão Global: O Papel da Ásia no Crescimento do Consumo

Enquanto a produção enfrenta desafios, o consumo global de café segue em expansão, puxado pela Ásia, especialmente pela China. Nos últimos 20 anos, o consumo chinês saltou de 231 mil sacas para 2,8 milhões de sacas em 2022, segundo a Organização Internacional do Café (OIC).

Esse crescimento está associado ao aumento de cafeterias nas grandes cidades e à popularidade da bebida entre os jovens. Um exemplo desse fenômeno é a Luckin Coffee, uma rede de cafeterias chinesa que, em 2024, já contava com 9.300 lojas e 500 milhões de clientes.

Conclusão: A Situação é Preocupante, Mas Há Esperança

A combinação de alta demanda, problemas climáticos e estoques reduzidos faz com que o café continue em um patamar de preços elevados. No entanto, iniciativas para melhorar as safras e um possível ajuste no mercado global podem trazer algum alívio no futuro. Até lá, a xícara de café, indispensável para muitos, seguirá como um luxo cada vez mais caro.